Oh, espírito natalino que me sufoca. Hoje de manhã, os Correios invadiram a escola. Campanha Adote uma criança. Atenda ao pedido de uma delas em sua carta ao bom velhinho. Faça um pequeno feliz.
Não, obrigada. Não gosto de fazer nada por pena, ou para acalmar minha consciência burguesa pesada. Nem um pouco envolvida no clima de paz e fraternidade dos dias que correm, eu sei.
Escrevo essas coisas em um café onde um casal fala desimportâncias: chuva, compras, quarto das crianças. A conversa não tem o tom aborrecido de quem diz isso ligado no automático. E é tão bonito. Porque me entristece quando vejo aqueles relacionamentos que atingiram uma estabilidade confortável, cômoda, e parecem se contentar em não ser nada mais. Ou não se contentam e reclamam e persistem porque no-fim-das-contas-é-tudo-a-mesma-coisa. O casal aqui do lado reitera minha crença de que o amor é mais que isso. Resiste a isso.
Oh, um surto de romantismo! Eu assisto muita comédia romântica.
Mas não vou aqui me pôr sentimental. Que façam isso os poetas.
E o dinheiro que não serviu para fazer uma criança feliz alegrou a mim. Lindas sandálias novas.
Eu sou mesmo uma burguesa com a consciência pesada. Que não adotou uma criança. Que tem um novo par de sandálias. E que acredita no maior amor do mundo.
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