quarta-feira, abril 09, 2008

o mosquito, a favela e o livro que acaba com os problemas do mundo

É sério e assustador. Os casos se multiplicam, gente que eu conheço. Mas curiosamente, ainda não estou apavorada com o surto de dengue no Rio de Janeiro. Mas quase. Não tem mais repelente nas farmácias. Todos os dias recebo um email novo sobre formas de combate ao maldito do mosquito (própolis, mosquiteca feita de garrafa pet, álcool com não sei o quê e por aí vai). Isso é pauta de conversa no trabalho, no almoço, no boteco, no samba da pedra do sal – que acontece toda segunda e é um clássico do samba roots. Ensaiando ir, já que estou em processo de carioquização.
Pra vocês verem que é sério, essa semana dei mais um passo e fui conhecer a favela. Involuntariamente, na verdade. Ônibus errado, fui parar na Rocinha. Às dez da noite e chovendo. Voltei pra casa sã e salva e ligeiramente apavorada.
E como que eu pego ônibus sem prestar atenção onde eu estou indo? O culpado é essa delícia que ando lendo agora, Ser feliz, do Will Fergunson. Um editor frustrado publica um livro de auto-ajuda que resolve os problemas de todo mundo. Todos eles. De sexo a perda de peso, de dinheiro a depressão. O mundo entra em colapso. Bem escrito, divertido, irônico. Uma pérola pop. O único problema é que todo mundo me vê pra cima e pra baixo carregando um livro chamado "Ser Feliz" com uma margarida na capa. Pra que não pensem mal de mim, já me adianto explicando que NÃO é um livro de auto-ajuda. Ainda assim um ou outro me olha meio incrédulo. Mas tudo bem. Quando eles virem que eu não fiquei nem magra nem rica nem superautoconfiante vão acreditar em mim.

sexta-feira, março 07, 2008

aquela do mastercard

(ok, a piada é velha, mas.)

quarto e sala em copacabana: muitíssimos reais;

lavanderia da trinity porque o quarto e sala não tem área de serviço: muitos reais;

diarista pro quarto e sala porque eu não gosto de fazer faxina: mais um tanto;

restaurante nas redondezas porque a cozinha fica um caos quando a diarista demora pra vir: aimeudeus, o salário vai dar?

poder ir à praia antes do trabalho: não, amigos, não há dinheiro que pague.

aos parentes do interior profundo - a centenas de quilômetros do litoral - que não se conformavam com a minha blasesice em relação à praia a uma quadra de casa (ai-se-fosse-eu-morando-aí, suspiro): vocês estavam certos o tempo todo.

nem acredito no tanto de sorte que eu tenho.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

domingo, fevereiro 17, 2008

copacabana, sábado, 2:00 a.m.

Um dos inúmeros motivos pelos quais eu adoro o Rio é que a cidade (como todas as grandes) não pára nunca.
Enquanto olho pela janela esperando a encomenda da farmácia (problemas com o dente do ciso, caros, a essa altura do campeonato) lá fora a vida acontece, acontece, acontece.
Os que separam o jornal de amanhã lembram a gente que a vida pode ser dura, eu que reclamava de ter que trabalhar nos fins de semana até as 10 da noite.
Tem gente voltando da praia, Copacabana das putas, dos gringos e cada vez mais das famílias, ainda mais agora que a Help ( boate famosa das working girls) vai fechar e virar museu da Imagem e do Som. Casais de namorados passeiam pelas ruas como se estivessem no interior, ou eu que sou muito interiorana por achar meio arriscado. Alguém bebeu demais e pára o carro do outro lado da rua pra fazer xixi na calçada. O vigia do meu prédio, que tem cara de psycho, anda de um lado para o outro, e eu acho que ele não dorme nunca, toda hora topo com ele, de manhã, à tarde e à noite.
Meninos de rua, homens de rua, muitos motoqueiros e nenhum deles traz meu analgésico.
Tudo isso eu vejo da janela. Viva a noite carioca.

sábado, fevereiro 16, 2008

com harrison ford no submarino comunista

É fato: gostamos de coisas muito boas e de outras nem tanto; algumas são meio vergonhosas, cd que se ouve escondido, programa de tv visto “por acaso”, revista folheada no cabelereiro, essas coisas. Suspeito que meu herói se enquadra nessa categoria: o Harrison Ford.
Justifico: salvou o passado em Indiana Jones, o futuro em Blade Runner, o espaço em Stars Wars, e os Estados Unidos um milhão de vezes. Por conta dele me matriculei no curso de Arqueologia da faculdade, esperando aventuras excitantes e grandes descobertas à la Indiana Jones. Huuuuuge mistake. A coisa mais emocionante que eu vi foi o meu professor – tão velho quanto as coisas que ele ensinava – de sunga tomando caipirinha sentado numa pedra no meio do rio, quando saímos “a campo” pra visitar um sambaqui. Que é uma chatura, um monte de conchas misturadas com terra, restos de ossos e mais sei lá o quê, prova espetacular da vida dos índios pré-históricos do litoral do Paraná.
Então eu sempre gostei do Harrison Ford. E dia desses vi Divisão de homicídios, em que ele é um policial das antigas que tem que lidar com um parceiro novato. E é meio triste, sabe, botaram ele pra correr e escorregar pelo corrimão e dar um jeito nas costas, afinal de contas são 60 e tantos anos. Mesmo sabendo que a onda do filme - e sua suposta graça - era essa. E ontem vi esse K-19, o submarino russo da época da Guerra Fria, ele é o capitão. E eu não o achei nem tão charmoso, nem tão durão, muito menos russo.
E apesar de estar entusiasmada com a possibilidade de ver o Indi no cinema, também tenho um pouco de medo de sair de lá achando que o arqueólogo mais charmoso de todos os tempos deveria mesmo aposentar a roupa de aventureiro e ir dar aulas feito o meu professor. Tomara que não.
C’est la vie. Os nossos heróis envelhecem, envelhecemos nós. Há uma ponta de tristeza aí.

quarta-feira, janeiro 30, 2008

viva e bem

Queridos três leitores desse blog – se é que vocês não desertaram também – guardem o traje de luto e dispensem as carpideiras, que eu continuo respirando, andando, falando, escrevendo cuando me dan las ganas, como diria a minha vó. Só que ganas são espanholas e a Espanha é longe daqui, e como não fui nem pra Argentina feito dois grandes amigos (cuenta todo, chicos!), esse blog está às moscas.
Mas a quem interessar possa, não desisti totalmente do brinquedo. Assim que alguma força misteriosa mandar internet lá pra casa – porque vou contar, faz quase um mês que Odyr e eu peleamos pela coisa, e simplesmente não conseguimos a instalação – quem sabe eu volte pra cá com mais frequência.
Hasta.