Atire o primeiro relatório quem nunca trocou uma obrigação iminente pela primeira desimportância que apareceu na frente.
Lembro dos trabalhos chatos da faculdade - ok, um artigo para o mês que vem, tenho muito tempo para ficar olhando as pontas do meu cabelo. Começo a escrever amanhã. Mas amanhã tem Curtindo a vida adoidado pela octogésima vez na sessão da tarde e é claro que eu assisto para perceber nuances que passaram batido nas outras 79.
No outro dia tem cinema, no outro tem boteco, no outro tem compras e por aí vai.
Véspera, então. Agora é sentar na frente do computador, estalar os dedos, ter todos os livros de apoio por perto, comidinhas, água e café. Mas são só seis da tarde, se eu começar às sete até meia-noite eu termino. Ainda posso jogar uma partida de paciência (houve uma época que eu tomei uma atitude drástica e deletei paciência do computador. Viciei em pinball).
E o resto é fácil: um jogo de paciência viram cinco, a comida acaba e você decide que precisa cozinhar alguma coisa que vai te tomar pelo menos uma hora, acidentalmente você liga a tv e descobre um documentário interessantíssimo sobre o processo de descaroçamento de algodão, você tem a brilhante idéia de provar todas as suas roupas para ver o que não quer mais. E seis da tarde viram sete da noite que viram meia-noite e seu artigo é escrito numa madrugada em claro. Seguido pelo comentário autocrítico e autopiedoso eu-nunca-mais-vou-fazer-isso. Como naquela historinha em que o Calvin precisava entregar um trabalho escolar e dizia para o Hobbes que não adiantava tentar fazer nada antes de ser tomado pela inspiração suprema: o pânico do último minuto.
Tenho estantes para arrumar mas me dei conta de que já faz muito tempo que eu não escrevo nada aqui.
Algumas coisas não mudam.
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