Nos dias de bom humor, a chegada de caixas de livros é sempre uma alegria, parece natal antes do tempo (nos dias de mau humor, resmungos mais-coisas-para-cadastrar). Hoje é um dia do primeiro tipo, e coincidentemente chegaram muitos livros na Dona Laura.
Antes de abrir as caixas, uma olhada rápida na nota fiscal, para saber o tamanho do meu contentamento. E lá estava, entre "O Livro de Ouro da Psicanálise" e "Os deuses e o amor" (como a mitologia explica e orienta nossas escolhas e relacionamentos), um livro chamado Orson. Na hora eu pensei: yes, uma biografia do Orson Welles e mais um livro para a minha prateleira preferida, a de cinema.
Ledo engano. Orson é "um cachorro para toda a vida", "louco, trapalhão e inesquecível - um amigo de verdade". O comentário do autor de "Marley e eu" (na capa):"Jon Katz compreende os cães como poucos e desvenda a alma canina com delicadeza e sabedoria".
Fala sério.
Na faculdade, eu tinha um professor que dizia nunca assistir filmes com os três C - câncer, criança e cachorro - por conta da alta concentração de tristeza apelativa dos mesmos. Esse tipo de livro segue o mesmo princípio, suponho. Não sei se tem uma criança com câncer que é dona do cachorro, ou uma criança que tem um cachorro com câncer, ou um cachorro que pensa que é uma criança com câncer. Pelo jeito é o relato de um homem e seu cão que mostrou para ele as coisas importantes da vida e morreu no final. Não, eu não li nem a primeira página, mas não é preciso ser o José Mindlin para descobrir como essa história acaba.
E bueno, acho que vocês me entendem, a implicância não é com o cachorro, not at all. Cães são o máximo. Mas convenhamos. Primeiro o Marley, depois os três da Abigail ("Harry, Rosie e Carolina irão preencher o vazio da cama e aquecê-la nas noites gélidas"), depois o Christopher (um porco - e mais uma vez o comentário do dono do Marley na capa: "algumas vezes precisamos de um porquinho esperto para nos mostrar o que realmente importa na vida" - há). Tempos atrás li sobre um leilão milionário entre editoras americanas pelos direitos de publicação da história de um gato mascote de uma biblioteca.
E agora o Orson.
O Rocco, meu labrador, ficou no interior profundo e eu tenho saudades dele. Acho que vou escrever um livro sobre isso e ficar milionária.
"Meu caso de amor com Rocco começou numa gélida manhã de julho, quando, pela primeira vez, meus olhos perceberam aquela bola branca de pelos frágil e desamparada, e não tive dúvidas em trazê-lo comigo. Mal sabia eu que a partir daquele dia minha vida nunca mais seria a mesma".
P.S.:E por falar em oportunismo, Orson foi para a vitrine. Ah, o vil metal.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
O primeiro parágrafo está perfeito. Mais 100 páginas disso (ouumas 60 em letra grande) e você tem um best-peter-seller.
E eu posso viver das suas rendas.
eu sempre soube que você só está interessado na minha fortuna.
Pode deixar q eu cuido do rocco!
snif...snif...
ohhh.
eu já acho que deviam vir você e o rocco pra cá e ficar lá no nosso apartamento.
cabe superbem.
Postar um comentário