quarta-feira, abril 25, 2007

allez le bleu

Ok, o cinza é horrível. De volta, então.

terça-feira, abril 24, 2007

fase cinza

Resolvi seguir a sugestão do tio blogger - crie um visual completamente novo para seu blog- porque aquele azul estava me enjoando. Ah, eu não gosto muito desse aqui também.

domingo, abril 22, 2007

sweet home II

Eu não vejo tv. Não porque isso seja uma forma de protesto contra a alienação ou o emburrecimento ou qualquer desses motivos panfletários que as pessoas usam para justificar sua aversão à ela. Eu adoro a caixa mágica. Verdade que eu adoro muito mais se quando eu ligo eu tenho à disposição cento e tantos canais dos quais eu só vou ver três ou quatro e que nunca, em nenhum, vai passar algo que preste num dia em que a única coisa que eu quero é ficar jogada no sofá olhando para imagens em movimento. Mas que fique registrado: sou totalmente a favor da tv (tv a cabo, tv a cabo!).
Eu não vejo tv porque na minha casa não pega. Isso me traz alguns problemas. Informação de menos. É evidente que eu fico sabendo a quantas anda o mundo por outros veículos, mas enfim. O que não me interessa me passa; isso é mais difícil de acontecer com a tv, principalmente quando são megaeventos que ela fica anunciando infinitamente na nossa cabeça até parecer que não sobra espaço pra outra coisa.
Por que escrevo isso? Porque ontem o Rio de Janeiro praticamente parou por conta de um sei-lá-o-quê aéreo em Botafogo( o que vocês obviamente sabem porque não são extraterrestres como eu). Muita, muita, muita gente. E a esperta aqui foi trabalhar como se fosse um dia qualquer. Claro que o ônibus não se movia. Claro que o metrô estava impraticável. E a histeria das pessoas. A vendedora de bilhetes do metrô berrando que não tinha troco, as mães cansadas com os filhos no colo, as pessoas exaustas de tanto esperar alguma forma de transporte. Um esforço olímpico pra se divertir. Maratona. Ok, ok, cada um é cada um (ou cada um milhão) como já dizia o outro, mas aquilo nem de longe me pareceu diversão.
Como termina a história? Depois de duas tentativas fracassadas achei um caminho alternativo, e cheguei ao trabalho uma hora e meia atrasada. E fiquei pensando que, em certos dias, a coisa mais divertida a se fazer é ficar em casa.

quinta-feira, abril 19, 2007

fiat lux

O que faz de um livro um grande livro?
São muitos critérios, não? Literários, obviamente. Mas políticos também. Mercadológicos. E até de compadrio. Ou alguém entende exatamente quais os méritos que levam um escritor ao panteão da imortalidade da nossa ABL? E o que dizer do último ganhador do Pulitzer que também está na lista do clube de leitura da Oprah?
Qualquer classificação tem uma parcela grande de subjetividade, interesses envolvidos, trocas. Nem sempre a gente entende e nem sempre a gente concorda. Ainda mais quando se trata de uma experiência tão íntima quanto a leitura. Por isso que lançamos ao mar a garrafa com o deus - ou deuses- das palavras, parafraseando o García Marquez, e fazemos nossas próprias listas de livros.
A minha acaba de ganhar mais um título: Tudo se ilumina, do Jonathan Safran Foer. Estou totalmente encantada, e olha que ainda nem terminei. É lindo, é engraçado, é triste, é poético. Às vezes o que eu estou lendo é tão bonito que eu não sei nem o que fazer, releio o parágrafo, tenho vontade de sair mostrando para as pessoas, como ele teve aquela idéia, e como conseguiu escrevê-la tão inacreditavelmente bem, como aquilo me tocou tanto. O tipo de livro que mesmo quando você não está lendo, as imagens estão lá, brincando na sua cabeça, e você não vê a hora de se encontrar com ele de novo.
Desses livros que fazem diferença. Por muitos motivos. E quando eu leio o jornal e me desespero com a avalanche de desgraças anunciando o fracasso da espécie, penso que ainda se escrevem coisas assim e que, no fim das contas, a humanidade não está de todo perdida.

Ah, claro. Essa maravilha da literatura contemporânea está a venda na livraria Dona Laura. O melhor atendimento com o preço normal. E a logomarca mais linda do mundo.

sexta-feira, abril 06, 2007

22 coisas que é preciso saber para trabalhar em uma livraria

1-você fica feliz de estar cercada por livros que poderá ler quando não tiver clientes;
2-você fica deprimida de estar cercada por livros porque descobre que leu muito menos do que deveria;
3-você se desespera porque quer ler muitos livros e acha que nunca vai ter tempo pra tanto;
4- às vezes você só tem vontade de ler as bobagens;
5-às vezes você só tem vontade de ler os difíceis;
6-você se sente privilegiada porque pode ler qualquer coisa que está lá;
7-você descobre que livros, além de maravilhosos, são muito pesados - principalmente quando você tem que conferir, cadastrar e colocar na prateleira 25 caixas deles em dois dias;
8-você tem que ter paciência porque clientes velhinhos querem te contar todo tipo de história;
9-você tem que ter paciência porque clientes madames ricas acham que qualquer pessoa atrás de um balcão é invariavelmente estúpida;
10 - você se diverte muito porque livrarias são frequentadas por gente inteligente;
11- você se diverte muito porque livrarias são frequentadas por todo tipo de maluco;
12- você fica orgulhosa porque sabe falar dos livros que você gosta e que estão ali pra vender;
13-você fica orgulhosa quando os clientes se impressionam porque você sabe do que está falando e acabam se interessando por livros que você acha que valem a pena;
14- você tem que fingir que leu o caçador de pipas, marley e eu, o livreiro de cabul e os outros todos da lista da veja (e agradece aos céus pelos sites de resenha);
15-você aprende a mentir com propriedade e elenca qualidades improváveis num livro que você acha uma porcaria;
16-você aprende a fingir interesse quando o cliente te conta a maravilha que é o livro tal do paulo coelho que mudou a vida dele e por isso ele está levando o outro;
17-você fica com vontade de dizer que não vale a pena comprar livros estúpidos;
18-você quer mais é que comprem todo tipo de estupidez porque você ganha comissão;
19-você fica bem feliz quando compram livros legais;
20-você se sente perdida quando te pedem pra indicar um "livro bom" pra dar de presente e não te dão a menor pista do que o presenteado gosta de ler;
21-você se irrita com o fato de ter que trabalhar nos fins de semana e nos feriados;
22-você se alegra porque, em um mês de trabalho, leu 3 romances (finos, vá lá), 7 livros de humor, alguns ábuns de quadrinhos, 2 artigos teóricos, e ainda folheou todos aqueles livros lindos e carésimos que provavelmente você nunca compraria porque só servem pra enfeitar a mesinha da sala e impressionar a visita.

terça-feira, abril 03, 2007

a vida ao rés-do-chão

É o (lindo) título do (lindo) artigo do Antonio Cândido sobre a crônica. Essa forma "menor" da literatura, a prima pobre. Que não tem grandes pretensões, que não se propõe a nenhum tratado sobre o mal-estar da civilização ocidental, que se contenta em ser um olhar sobre o corriqueiro. Um bilhete para uma viagem breve, assim, com o café da manhã. O Antonio Cândido diz que é como o jornal (que via de regra é seu suporte), tem vida efêmera, não mais que um dia. E que, mesmo mínima, pode ser grande.
Às vezes penso nesse artigo enquanto venho para o trabalho. Porque eu tenho o similar visual, instantâneos que meu olho captura entre as paradas do ônibus.Gentes. Tanta coisa acontecendo. Uma mulher com peitos que não cabiam na blusa e sua amiga que não tinha peito nenhum. Um homem que levava uma cadeira nas costas. Logo ali uma ruiva de verdade, que parecia muito triste e usava muita maquiagem. Palavras nas camisetas (alguém vestia uma que anunciava um ateliê de biojóias - o conceito me escapa totalmente), palavras nas propagandas dos carros (um uno oferecia os serviços de dedetização, descupinização e desratização), o gringo-óbvio-camarão-camisa-de-turista.
Amanhã serão outras pessoas, em outras novelinhas. Novos personagens para as minhas crônicas não escritas. Minha vida ao rés-do-chão.