Para não parecer que eu estou igual às pessoas que trabalham na confeitaria e não aguentam mais ver doces pela frente, sim, ando lendo alguma coisa ( mas é fato - alguns dias eu não consigo nem olhar para os livros, blasfêmia, blasfêmia).
O da vez, comprado praticamente novo em um sebo maravilhoso (blasfêmia, blasfêmia de novo) que descobrimos, eu e Odyr, é Aventuras no marxismo, do Marshall Berman.
Longe de ser o tratado ilegível que a palavra marxismo evoca imediatamente, ao contrário, é quase uma aventura mesmo. A começar pela pela introdução, onde ele conta lindamente os motivos que o levaram a se aproximar de Marx e as descobertas da primeira leitura.
E ele é um grande leitor de Marx. Ao invés da cegueira dogmática que norteou boa parte dos marxistas, ele é muito bem-sucedido em encontrar o equilíbrio necessário entre a teoria e a aplicação dos conceitos, o que de Marx pode ser útil naquilo que interessa a Berman, o entendimento da experiência da modernidade. E muitas coisas fazem sentido, sabe? Inclusive a crítica do jovem Marx a um socialismo irracional que acaba sendo tão opressivo quanto o capitalismo.
Enfim, Marx é Marx para o bem e para o mal, e os prós e contras já foram debatidos à exaustão. Mas são formas de olhar para o mundo, tentativas de entendê-lo. O livro de Berman merece ser lido por trazer a única possibilidade de validade da teoria:quando ela se encontra com a vida.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Hi.
E verdade que as ideologias de esquerda historicamente pecaram de "cegueira dogmatica", e finalmente fracassaram sempre porque nunca chegaram nem pelo menos a colocar-se em pratica, nem na URSS nem em Cuba, reduzidas (entre outras coisas)a ditaduras de burocratas.
Ante esta incompetencia revolucionaria (que Woody Allen conto em "Bananas") e como os anos passam muito depressa para estar esperando eternamente a revolucion permanente decidi buscar de maneira individual o equilibrio entre teoria e vida do qual voce fala e lo encontre na unica ramificacion do marxismo que alcançou passar da teoria a pratica com exito (no cinema, na literatura, na television; na vida mesma).
E estes sao meus principios mas se nao lhe gostam tenho outros. (Groucho nao ha marx que um)
hey, glenn.
eu entendo seu ponto de vista. se põe cada vez mais difícil acreditar em grandes transformações políticas, ou porque as ideologias de esquerda descambam para uma experiência totalitária, ou porque essas mesmas ideologias se mostram insustentáveis num mundo onde o exercício da política se distancia cada vez mais dos seus pressupostos fundamentais, onde a "coisa pública" acaba por servir a interesses privados, etc.
eu acredito nas transformações na microescala, ou seja,podemos escolher nossa postura em relação ao mundo, aos outros,podemos escolher a nossa política. Claro que isso não resolve os problemas do mundo e não nos isenta da responsabilidade por esses mesmos problemas.
mas é um começo.
sem debates, o livro e' bom, mas...
e tu, ta bem?
amo-te e estou de volta a ativa... em londres...
com clara...
esperando de ver na proxima meia duzia de anos!!!
amor
Postar um comentário