Em Fragmentos do discuro amoroso, Barthes reserva um verbete para um elemento fundamental no imaginário romântico: as cartas de amor. Por que o desejo, compulsivo às vezes, de escrever para a pessoa amada, mesmo quando os temas esgotam e resultam numa mesma idéia, repetida quase que em cada linha, e mesmo assim não há cansaço nem em quem escreve nem em quem lê?
E Goethe responde:Porque recorri novamente à escritura? Não é preciso, querida, fazer pergunta tão evidente.Porque, na verdade, nada tenho para te dizer;entretanto tuas mãos queridas receberão este papel.
Então vem a imagem da espera ansiosa pelo carteiro, a comoção em reconhecer uma caligrafia, a carta lida e relida e beijada e guardada debaixo do travesseiro. Imagem tão alheia à nossa realidade, criaturas do mundo hi-tech, mal lembramos que o correio existe.
Mas oh, o amor encontrou uma via, como sempre encontra. E descobrimos o email romântico. Perdemos a angústia/delícia da espera, o frio na barriga ao identificar o remetente, mas ganhamos em praticidade. Nossa letra uniforme times new roman viaja pelo espaço virtual e chega agora mesmo ao destinatário.
Há um ano exatamente um email inaugurou uma sequência de postagens cujo resultado não é novidade para vocês.E hoje estou aqui, sorrindo enquanto digito. Não preciso mais de emails pra amenizar a saudade, mas eu os releio de tempos em tempos. Sou do tipo que acredita que algumas coisas resistem às nossas modernidades e cyberexperiências. Coisas do romantismo de antigamente, como a alegria da carta recebida, lida e relida e beijada e guardada debaixo do travesseiro.
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10 comentários:
se bem que a espera por um nome na caixa de emails também acaba com as nossas unhas.
Sim...muito!!!:P
Muito legal teu texto moça!!!
Compulsão...impulsão...
texto!? enfim, todos...
keep writing. ff
continuando...
mesmo que as cartas de amor tenham encontrado uma nova via...quase que imediatamente entregue ao seu destinatário, fica aquela angustia, frio na barriga na espera daquele nomezinho apontando na sua caixa de entrada, mesmo com sua caligrafia computadorizada...mas depois,fica a alegria da carta "imprimida", lida e relida e beijada e guardada debaixo do travesseiro...
Acho que é mais ou menos isso...:P
podecrê.
:)
Oi!!! Só uma visitinha...
que visita mais ilustre!
fiquei bem feliz.
beijo, broda.
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