Não sou grande leitora de romances policiais. Tampouco sei se é a categoria exata para enquadrar esses livros que vez por outra me caem nas mãos.
Oh, definições.
Uma vez um contista (agora não me lembro quem, mas deve ser um desses bem óbvios), a despeito das teorizações acadêmicas sobre essa forma literária - narrativa, em prosa, menor extensão, etc, etc, etc. -, disse que um conto é aquilo que o autor quer que seja. Eu diria que o que entendo por literatura policial é aquilo que a prateleira da livraria quer que seja.
Crimes. Suspeitos. Pistas. Detetives. Tive uma fase totalmente Sherlock Holmes. Também acompanhei as investigações do comissário Maigret, do Simenon. E para não deixar de lado a prata da casa, me diverti um bocado com o Ed Mort, que divide o escritório (escri, na verdade) com baratas e um rato.
No livro Cuca fundida, de Woody Allen, um detetive é contratado para encontrar Deus. Muito bom.
Por esses dias, ando às voltas com "Tiros na noite", do Dashiell Hammett. Que eu conhecia por nome, já que criou Samuel Spade, que é o Humphrey Bogart, que encontrou o falcão maltês.
E é uma delícia. Não traz a atmosfera elegante que emoldura os crimes europeus investigados por Holmes e Maigret, mas cidades norte-americanas plenas de violência, cinismo, corrupção. Os Estados Unidos noir. Cenário que me fascina há tempos no cinema, e agora me encanta na literatura.
Sim, Hammett está sendo boa companhia. Ele e seu Spade, que aparece em três contos. Tão distinto, fisicamente, do Spade de Hollywood.
A propósito, adoro a frase de Bogart-Spade no fim de Relíquia Macabra (como foi traduzido o título do filme para o Brasil). Perguntam-lhe por que o falcão maltês é tão valioso, ao que ele responde, shakespeareanamente: esta é a matéria da qual os sonhos são feitos.
Que é a mesma matéria que faz a literatura. O cinema. E me faz a vida real mais leve sobre os ombros.
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